Recentemente, uma pesquisa da Sociedade Americana de
Microbiologia, em Boston, constatou que 70% da população dos EUA contraiu o
vírus do HPV. O estudo mostrou ainda outro ponto mais agravante: entre os 103
norte-americanos infectados, 4 possuíam o risco de ter algum tipo de câncer
devido ao vírus.
Nos EUA, o HPV continua sendo a fonte de infecção venérea
mais frequente. Porém, vale ressaltar que o problema não é exclusividade
daquele país.
No Brasil, segundo Barbara Murayama, ginecologista e
obstetra, especialista em Histeroscopia pela Unifesp, membro da Febrasgo e
diretora clínica da Gergin, ele é o terceiro tumor mais frequente entre as
mulheres, perdendo apenas para o câncer de mama e o colorretal (intestino), e a
quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil.
Apesar desses dados alarmantes, é verdade que muita gente
ainda sabe pouco sobre o HPV e, principalmente, sobre como pode se proteger
dele.
Dúvidas como “o HPV tem cura?”, “quais são os sintomas do
HPV?”, entre outras também são muito comuns e merecem ser esclarecidas. Abaixo
você confere as respostas para essas e outras questões importantes sobre o HPV,
problema que pode atingir tanto as mulheres como os homens.
O HPV tem cura?
Talvez esta seja a maior dúvida entre as pessoas que já
ouviram falar ou já foram infectadas pelo HPV.
Barbara Murayama destaca que o HPV tem, sim, cura, tanto no
homem como na mulher. “Após dois anos do diagnóstico e tratamento, se não
houver retorno da lesão, é considerada curada esta infecção”, diz.
“Mas a pessoa pode se contaminar novamente e apresentar nova
infecção a qualquer tempo”, alerta a ginecologista e obstetra.
O que é o HPV?
Barbara Murayama, ginecologista e obstetra, explica que HPV
significa Papiloma Vírus Humano, um vírus sexualmente transmissível.
Alessandra Bedin Rubino, ginecologista do Hospital Israelita
Albert Einstein, destaca que o HPV possui mais de 100 subtipos, “alguns mais
agressivos, outros mais tranquilos”.
A infecção pelo HPV é muito comum, tanto nas mulheres como
nos homens, e nem sempre resulta em câncer. O que não significa, porém, que não
mereça grande atenção.
HPV na mulher X HPV no homem
É difícil dizer se o HPV atinge mais homens ou mulheres.
“Porém, os de alto risco acabam sendo mais frequentes na mulher, pois pegam
principalmente o colo uterino, que é escondido”, diz Alessandra Rubino.
A ginecologista e obstetra Barbara reforça que em mulheres o
HPV é detectado mais frequentemente.
“O exame de Papanicolau é o exame que deve
ser realizado anualmente e é esta a principal prevenção do câncer de colo do
útero”, destaca.
Sintomas do HPV – no homem e na mulher
Barbara Murayama reforça que existem diversos subtipos de
HPV e que, nos homens, alguns causam verrugas genitais e outros podem causar
lesões pré-câncer e até câncer genital.
A ginecologista Alessandra Bedin Rubino acrescenta que, na
maior parte das vezes, as verrugas genitais são os sinais do HPV no homem, mas,
raramente, pode ocorrer coceira leve.
Barbara Murayama explica que, no caso das mulheres, podem
aparecer verrugas genitais na região externa de vulva, períneo (região entre a
vagina o ânus), no ânus e também internamente na vagina e colo do útero. “Os
subtipos com maior potencial de causar câncer podem causar lesões pré-câncer e
até câncer nesses órgãos. O mais comum é o de colo do útero”, diz.
Alessandra Bedin acrescenta que, muitas vezes, o HPV não dá
sintoma algum. “Por isso se dá a dificuldade de diagnosticar”, explica. “Ele
pode permanecer, de forma geral, por até 2 anos sem sintomas – tanto no homem
como na mulher. Mas isso é bem variável”, destaca.
O que pouca gente sabe é que: a maioria das pessoas poderá
ter contato com o vírus e nunca manifestar nenhuma doença. “Por volta de 8 em
cada 10 pessoas terão contato sem ter qualquer manifestação”, explica a
ginecologista e obstetra Barbara.
Causas do HPV
Como já foi citado, o HPV é um vírus sexualmente
transmissível, ou seja, é transmitido através da relação sexual sem camisinha.
Para ocorrer o contágio, a pessoa infectada não precisa necessariamente
apresentar sintomas (verrugas). Mas vale destacar que, quando a verruga é visível,
o risco de transmissão é muito maior.
Os principais riscos que o HPV oferece
Como destacado, o HPV no homem pode provocar as verrugas
genitais e, em casos mais graves, lesões pré-câncer e até câncer do pênis.
“O principal risco é o câncer de pênis e ânus reto. Mas é
bem mais raro que na mulher, visto que apresenta sintomas visíveis”, explica a
ginecologista Alessandra Rubino.
No caso das mulheres a preocupação é maior e o principal
risco, sem dúvida, é o câncer de colo uterino, conforme destaca a ginecologista
Alessandra. “Pode ocorrer também câncer anal e retal, na vulva e vagina”, diz.
Barbara Murayama acrescenta que as verrugas também
representam um problema, pois o tratamento pode ser demorado e dolorido,
dependendo da quantidade de lesões e da localização delas.
Tratamento do HPV
Alessandra Rubino explica que para tratar o HPV, há a
necessidade de retirar a célula infectada. “Se for no começo, pode ser
destruindo-a (cauterização, medicamentos locais etc.). Se o caso for mais
avançado, por meio de cirurgia”, diz.
Barbara Murayma reforça que o tratamento depende do tipo de
lesão, seja no homem, seja na mulher.
“As verrugas, por exemplo, deverão ser
eliminadas por meio de cauterização, medicações ou até cirurgias convencionais
ou a laser, a depender da localização e extensão das lesões”, explica Barbara
Murayama. Já as lesões pré-câncer ou o câncer, em geral, envolvem tratamento
cirúrgico, a depender do estágio da doença.
Prevenção e diagnóstico do HPV
Alessandra Rubino destaca que a vacinação, sem dúvida, é
fundamental para a prevenção. “Em qualquer idade, tendo ou não histórico
anterior de HPV. Mas claro que nos adolescentes, antes do início da atividade
sexual, é melhor”, diz.
De acordo com a ginecologista Alessandra, a camisinha
protege, mas nem sempre o HPV encontra-se no pênis. “Se estiver na virilha,
pode ser transmitido”, destaca a médica.
Além disso, acrescenta a médica, o exame de Papanicolau pega
as lesões bem no início. “Apesar de não prevenir o HPV, previne sua evolução
para o câncer de colo uterino”, explica Alessandra Rubino, ginecologista do
Albert Einstein.
Barbara Murayama reforça a necessidade de se usar
preservativo em todo contato sexual. “É fundamental também a mulher realizar
consultas com o ginecologista periodicamente, com exame de Papanicolau e outros
exames quando indicados. E procurar o ginecologista a qualquer momento se
sentir verrugas ou outros sintomas diferentes do normal”, finaliza a médica.
Com todas essas informações, reforça-se a necessidade de
prezar sempre pelo sexo seguro e, no caso da mulher, de se consultar
regularmente com seu ginecologista, fazendo todos os exames necessários e
cuidando de perto da sua saúde.
Mas vale lembrar que os homens também devem
estar sempre atentos e, a qualquer sinal suspeito, devem procurar um urologista
o mais breve possível.
Fonte:www.dicasdemulher.com.br