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O COSEMS Piauí emite nota de repúdio ao Ministério de Saúde devido ao atraso do repasse de recursos

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015
NOTA DE REPÚDIO

O Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Estado do Piauí (COSEMS-PI) vem a público manifestar o seu repúdio ao atraso no repasse de recursos financeiros do Ministério da Saúde e do Governo do Estado do Piauí devido aos municípios piauienses para o financiamento das ações e serviços de saúde em nível local e regional.

O recurso destinado ao financiamento das ações de saúde de média e alta complexidade foram pagos de forma descontínua e fragmentada. Em dezembro de 2014,apenas 70% destes recursos foram repassados aos municípios,sendo o restante repassado somente em janeiro de 2015. Até a presente data os recursos federais destinado ao financiamento da Atenção Básica (Piso da Atenção Básica Fixo, Estratégia de Saúde da Família, Núcleo de Apoio à Saúde da Família, Assistência Domiciliar, PMAQ,entre outros)que deveriam ser repassados em dezembro de 2014 não foram pagos. O repasse do financiamento da Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde só foi realizado dia 08 de janeiro e o Ministério da Saúde publicou nota dizendo que os demais componentes seriam pagos na sequência, sem,no entanto, definir um cronograma para estes repasses, o que denota, no mínimo,falta de sensibilidade e atenção para com as necessidades de planejamento e execução financeira dos municípios do Piauí. A situação é vexatória, pois é sabido que o orçamento federal da saúde é vinculado e sobre ele não deve pesar a discricionariedade dos governos para o atendimento de quaisquer necessidades alheias aos interesses do SUS, em nenhuma circunstância.

Da mesma forma, o COSEMS-PI manifesta sua inconformação com o atraso do co-financiamento estadual da Atenção Básica, SAMU, Centro de Especialidades Odontológicas,Laboratório de Prótese e Assistência Farmacêutica. A última competência paga pelo Governo do Estado do Piauí foi agosto de 2014. Estes recursos financeiros foram pactuados na Comissão Intergestora Bipartite e regulamentados através dos Decretos Estaduais nos. 15.132 e 15.133, de 2013.

Os municípios do Piauí não possuem mais alternativas de recursos próprios para custear despesas de saúde que deveriam ter financiamento compartilhado com os outros entes federados. O atraso dos repasses federais e estaduais compromete o pagamento dos trabalhadores e fornecedores,prejudicando de forma profunda a garantia do próprio direito constitucional à saúde. Em alguns municípios piauienses, os trabalhadores ameaçam parar, em face da falta de pagamento de salários e os gestores, diretamente fiscalizados pelo Ministério Publico,estão prestes a responder solitariamente por uma circunstância decorrente da falta de responsabilidade sobre uma obrigação que é tripartite.

O descumprimento das responsabilidades e dos pactos firmados com os municípios pelo Estado do Piauí e Ministério da Saúde compromete a autonomia da gestão local, sobretudo o seu planejamento, acarretando grandes e profundas dificuldades aos municípios, principalmente os de pequeno porte, que não dispõem de capacidade financeira para manter as ações serviços de saúde sem os recursos que devem ser obrigatoriamente repassados pelos outros entes federados, conformando assim a responsabilidade tripartite sobre o financiamento destas ações.

Somados a todos estes problemas, a gestão municipal enfrenta ainda a dificuldade de cumprimento da lei federal que criou o piso salarial de duas categorias, ACS e ACE, sem a garantia de recursos adicionais para os municípios, comprometendo mais uma vez a autonomia, o planejamento e o próprio cumprimento da lei de responsabilidade fiscal.

Esta também é uma nota de esclarecimento a todos os usuários de SUS do Piauí,que podem sofrer com o comprometimento da execução das ações e serviços de saúde neste inicio de ano.

Maria do Socorro Candeira Costa
Presidente do COSEMS-PI