Quem
já segue uma alimentação saudável sabe: os alimentos integrais não devem ficar
de fora da dieta. Substituir os alimentos processados pelos equivalentes
integrais é uma recomendação praticamente unânime entre os profissionais da
área da saúde, pois esse tipo de alimento possibilita melhor aproveitamento dos
nutrientes (que são preservados quando o processo de refino não é aplicado).
A
nutricionista funcional Helouse Odebrecht ressalta que alimentos integrais são
mais saudáveis que alimentos refinados. “E, atualmente, não podemos falar de alimentação
saudável sem incluir os integrais no cardápio”, diz.
A
nutricionista explica que integrais são alimentos que não passaram pelo
processo de refinamento ou industrialização. “Ou seja, é o alimento na sua
forma íntegra. Em geral, cereais como arroz, trigo, centeio e aveia, suas
farinhas e produtos como pães, bolos e biscoitos. Porém, também podemos apontar
alimentos como açúcar, óleo e sal, que, apesar da legislação não classificá-los
como integral, também podem ou não passar pelo processo de refinamento”,
destaca.
Ainda
de acordo com Helouse, para o consumidor, é muito importante entender e receber
essa informação, pois nos alimentos não refinados (integrais) permanecem a
casca, o farelo, película protetora do grão e, assim, todos os seus nutrientes
como vitaminas, minerais, fibras e compostos bioativos. “Estas partes são
importantes no desenvolvimento, proteção e nutrição do próprio cereal”,
acrescenta.
A
nutricionista explica que, pela legislação regulamentada pela ANVISA (Agencia
Nacional de Vigilância Sanitária), alimentos como cereais (arroz, aveia,
cevada), as farinhas destes cereais (trigo, arroz, aveia) e seus derivados,
como pão, macarrão, biscoito e bolos, são encontrados na versão integral e
devem conter no rótulo a descrição integral.
Mas
por que nem todos os produtos são verdadeiramente integrais?
Nem
todo mundo sabe, mas boa parte dos produtos colocados à venda como integrais
não é integral. O que significa que muita gente acaba sendo enganada ao comprar
um produto que acredita que trará vantagens à sua saúde.
“Essa
é uma questão de falha na legislação. A resolução 263/2055 da ANVISA
regulamenta produtos à base de cereais, amidos e farinhas e, realmente, não
estabelece quantias mínimas para alegação de que o produto é integral. Dessa
forma, se o produto utiliza qualquer quantidade de farinha integral em sua
composição, a rotulagem alegará que há farinha integral em sua formulação,
tendo 5% ou 100% de farinha integral”, explica Helouse.
A
resolução 263/2055 da ANVISA regulamenta produtos à base de cereais, amidos e
farinhas e, realmente, não estabelece quantias mínimas para alegação de que o
produto é integral.
Assim,
continua a nutricionista, o consumidor que estiver comprando um “pão integral”
com 5% de farinha integral e o restante de farinha branca, certamente não
estará consumindo pão integral e nem recebendo os benefícios que os produtos
integrais oferecem.
“No
início do ano de 2014, o tribunal de Justiça no Rio de Janeiro estabeleceu um
prazo de 180 dias para que os fabricantes de pães informassem em suas
embalagens de pães integrais qual o real teor de farinha integral na composição
dos produtos. Essa ação civil pública foi movida pela denúncia de consumidores.
Com a decisão, as companhias terão que informar se seus produtos são 100%, 10%
ou 1% integrais”, destaca Helouse.
Ainda
de acordo com a nutricionista, em 2012, também a partir de denúncias, a questão
tomou tanta relevância que já tramita, no Congresso Nacional, o projeto de lei
5.081/2013, do deputado Onofre Santo Agostini, que estabelece que, para se
intitular integral, o produto terá que apresentar em sua composição mais de 51%
de grãos integrais. “Prevê, ainda, que sejam criadas outras duas categorias
para rotular os pães: semi-integrais ou com adição de farinha integral (com 15%
a 51% desses grãos) e sem as expressões ‘integral’ ou ‘semi-integral’, se o
percentual for inferior a 15%. O projeto ainda não tem data para ser votado em
plenário”, acrescenta.
Helouse
reforça que alimentos integrais são mais saudáveis que alimentos refinados e
que, atualmente, não é possível falar de alimentação saudável sem incluir os
integrais no cardápio. “Há vários produtos, uma multiplicidade de marcas, mas o
que a gente vê na prática é que, em alguns casos, apesar de se dizer integral,
a composição ainda tem mais farinha refinada”, destaca.
Como
descobrir se o alimento é realmente integral
Diante
desta realidade, surge a dúvida: como escolher um alimento integral?
Helouse
explica qual é a maneira de saber se os produtos são realmente integrais: é
necessário reconhecer se o alimento preponderante da composição é o integral.
“E isso é uma tarefa fácil, basta apenas ler a lista de ingredientes do
alimento, esta fica próxima à tabela nutricional nas embalagens”, diz.
A
nutricionista destaca que os ingredientes aparecem em ordem decrescente. “Ou
seja, o que tem em maior quantidade é o primeiro na lista. A farinha integral
ser a primeira da lista não significa que ela esteja dentro de percentual que a
lei exigirá, de 51%, mas pelo menos já indica que há mais dela que da farinha
industrializada, o que já é bom”, explica.
Para
um produto 100% integral, destaca Helouse, a farinha de trigo branca (descrita
nos ingredientes como farinha de trigo rica em ferro e ácido fólico), ou outras
farinhas, não aparece em sua composição.
“Grãos
como sementes de linhaça, gergelim, pepitas de girassol, quinoa, amaranto,
também podem ser componentes dos pães 100% integral”, acrescenta Helouse.
Então
agora você já sabe: não acredite em tudo o que ler nos produtos – especialmente
no que estiver na parte da frente da embalagem. Muitas vezes, “a propaganda é
enganosa”.
O
que vale mesmo é o que vem escrito atrás do rótulo, ou seja, a lista dos
ingredientes. Procure pela farinha integral como primeiro ingrediente da lista
– ainda que o produto não seja 100% integral, já é certo que há mais farinha
integral do que industrializada.
Fonte:www.dicasdemulher.com.br