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Avião que caiu carregado de cocaína em Assunção do Piauí pode ter ligação com caso em Piracuruca

segunda-feira, 13 de abril de 2015
Um dos pontos mais elencados pelos policiais federais que estiveram no local da queda do avião em Assunção do Piauí é sobre outra aeronave encontrada no ano passado em Piracuruca (também no Norte do Piauí).

Eles apontam que o caso deste final de semana tem altos vestígios de ligação com o avião encontrado abandonado no início de setembro do ano passado na cidade de Piracuruca.

A aeronave, um bimotor Aero Commander, foi abandonada em uma pista clandestina na zona rural piracuruquense. Estava com botijões de combustível e vestígios de cocaína. Até hoje o caso permanece um mistério. Esse avião sequer tinha registro para voar no Brasil.

Em linha reta o local do acidente deste final de semana e do avião encontrado em Piracuruca é de menos de 300 quilômetros, menos de uma hora de vôo.

Os dois fatos ajudam a montar o quebra-cabeças de que o Norte do Piauí seja rota do tráfico de drogas, principalmente do ponto de apoio para aeronaves que cruzam a região amazônica (trazendo a droga da Colômbia, Peru e Bolívia) e fazendo escalas de reabastecimento e distribuição de entorpecentes em pistas de lugares ermos e pouco policiados.
Avião danificado ao tentar realizar um pouso forçado
O mistério do avião que explodiu mas que ficou com carga de cocaína intacta e fora da aeronave
Um dos mistérios ainda não explicados pela Polícia Civil do Piauí é porque a aeronave acidentada ficou 80% queimada, totalmente destruída e a carga (ou o que restou dela) ficou intacta. Os quase 40 quilos de cocaína não foram queimados e, quando encontrados pela polícia, estavam do lado de fora da aeronave.


Comandante do GPM de Assunção do Piauí e cocaína encontrada ao lado do avião. Foto: Caetano Silva / Portal Samita.

Uma das explicações é que o local pode ter sido alterado antes da chegada da polícia, inclusive com a presença de comparsas dos mortos no avião. Eles teriam estado no lugar para tentar resgatar os produtos. Há a hipótese, ainda não confirmada pela polícia, de que os comparsas apareceram no lugar para apagar vestígios e levar a cocaína, que estava em estado puro e renderia muito aos traficantes.

O primeiro policial a comparecer ao lugar foi o cabo Osias, comandante do Grupamento Policial Militar de Assunção do Piauí. Ele disse que chegou às 8h30 após ter sido informado por moradores. No mínimo, apareceu quase sete horas depois da queda.


O que era para ser a asa direita do avião. Foto: João Alberto / O Olho.

Constatando o fato o cabo acionou policiais da região. Contou que a cocaína já estava do lado de fora do avião. A droga era acondicionada em um sacola e envolta em tabletes, bem embalados com fita isolante. Era do tipo: pacote para entrega rápida.

Perto de pista clandestina de pouso de aviões e lugar de chacina
O local em que o avião caiu em Assunção do Piauí fica a menos de dez quilômetros de uma pista clandestina de aviação na cidade de São Miguel do Tapuio. O lugar foi aberto no segundo semestre do ano passado e tem aproximadamente 1.600 metros, com capacidade de pouso de aeronaves até de médio porte.

Um grande mistério é: por que em um lugar tão pobre e tão distante havia uma grande pista de pouso de aviões? Muito maior do que 97% das pistas de todas as outras cidades piauienses?

A pista, que já estava sendo monitorada pela polícia, localiza-se no povoado Palmeira. Essa localidade ficou nacionalmente conhecida ano passado por conta do dia de fúria promovido pelo desempregado Clewilson Vieira Matias, conhecido por Chiê. Ele é acusado de ter assassinado cinco pessoas em novembro de 2014.


Clareira aberta no meio do mato após queda do avião: 10 quilômetros de lugar de chacina. Foto: João Alberto / O Olho.

Os crimes teriam ocorrido por represália devido ação de líderes comunitários do povoado em organizarem um abaixo-assinado para retirar Chiê do lugar. O acusado da chacina era tido como um dos responsáveis pelo tráfico de drogas na região.

O tenente Izenilson, que é responsável pelo comando da PM em São Miguel do Tapuio, confirmou o monitoramento da região e destaca que aquela área é muito sensível, principalmente pelas suas ligações com vários municípios do Ceará.

“Não sabemos se a droga era para lá, mas notamos que a aeronave estava voando muito baixo, como se estivesse perto do lugar. E aqui é linha reta para lá”, revelou o policial, muito experiente em combater traficantes de drogas no Piauí.

O resgate da cocaína e possível ligação com rede internacional
A Polícia Civil piauiense confirma que realmente os sete homens presos no meio da manhã deste sábado iriam resgatar a cocaína que estava na aeronave que caiu em Assunção do Piauí.


PMs e peritos da PF. Segurança no local. Ainda havia possibilidade de resgate da cocaína. Foto: João Alberto / O Olho.

Os homens, cinco cearenses e dois piauienses (da região da queda), foram presos por policiais militares do Ceará, já em território do Piauí. Os policiais cearenses estavam a caminho da região do incidente do avião para ajudar em buscas e investigações.

Os acusados estavam em três pick-ups. Eles foram flagrados com equipamentos de sobrevivência na mata (como muita alimentação e até bebidas energéticas), além de um drone (dispositivo que voa e monitora áreas por imagens). A Polícia Civil diz que esse material era para melhor procurar a cocaína.

Os sete homens presos estão sob responsabilidade da Polícia Civil do Piauí e passaram todo este sábado sendo interrogados na Delegacia Regional de Campo Maior (responsável pela região do acidente). Pouco foi divulgado do teor da fala dos homens, mas pelo sigilo que o caso é tratado, pode vir muita novidade e até o desbaratamento de uma rede internacional de tráfico de drogas, tendo o Piauí como rota e ponto de apoio.


O que restou da cauda da aeronave. Foto: João Alberto / O Olho.

Durante este domingo os acusados passarão por novos interrogatórios. Eles serão indiciados por associação ao tráfico e formação de quadrilha. A Polícia Civil do Piauí quer saber se eles já tinham resgatado alguma cocaína do lugar do avião e até apurar se a aeronave foi incendiada para apagar vestígios, já que somente há fogo no lugar em que ocorreu a queda.

Polícia Federal vai ao local fazer perícia e retorna por conta da Polícia Civil ter levado cocaína encontrada no avião
Cinco agentes da Polícia Federal chegaram ao local do acidente por volta das 18h50 deste sábado. Já era noite e passava mais de 19 horas do horário da queda da aeronave.


Perito em busca de vestígios. Foto: João Alberto / O Olho.

Vieram escoltados por homens do 15º Batalhão da Polícia Militar do Piauí e acompanhados de duas equipes de TV.

Os federais viram que o local já tinha sido muito mexido (por causa dos curiosos) e que a principal motivação de sua vinda estava prejudicada.

“Cadê a cocaína”, indagou um dos agentes.

Eles foram informados que a droga tinha sido levada horas antes pelo responsável da Delegacia de Entorpecentes de Teresina, delegado Menandro Pedro da Luz, e pelo próprio secretário estadual de Segurança Pública, capitão Fábio Abreu.

A retirada da droga do local ocorreu principalmente pela possibilidade do produto ser resgatado por comparsas das pessoas falecidas no avião, já que a droga, no mundo do crime, tinha grande valor de mercado, por ser pura.

Os agentes e peritos federais passaram menos de 25 minutos no local do acidente, tiraram aproximadamente cem fotografias, fizeram algumas gravações com policiais que estiveram no local e foram embora. “Sem a cocaína no local o caso deve ficar a cargo da Polícia Civil”, revelou um dos agentes da PF.

Fonte: www.oolho.com.br