Teresina registrou recentemente dois homicídios em uma hora.
Os assassinatos ilustram uma triste estatística e colocam o Piauí como o estado
que apresentou maior aumento no número de homicídios dolosos de 2013 a 2014,
segundo levantamento baseado em dados das secretarias de segurança
pública estaduais.
No primeiro ano, ocorreram 501 crimes contra a vida e no ano
seguinte, o número subiu para 659, um aumento de 31% nos assassinatos. Nos dois
crimes registrados na noite de 8 de julho, as vítimas foram mortas a tiros e
tinham entre 17 e 18 anos. No dia anterior, outro jovem já havia sido
assassinado na Zona Sul da capital.
O mesmo relatório traz outro dado que reflete a sensação de
insegurança: o Piauí é o segundo estado com menor número de policiais em
relação ao total da população dentre os estados brasileiros: são 4.015 para uma
população de 3.194.718, segundo projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) para 2014, ou seja, um PM é responsável por cerca de 796
pessoas.
No país, o pior índice é encontrado no Maranhão, onde há um
policial militar para cada 816 pessoas.
“A bala não matou apenas meu irmão, mas sim toda a família”,
disse o estudante Joabson do Nascimento, de 18 anos, irmão de Paul Inccy Vieira
do Nascimento, de 17 anos, assassinado no bairro Vila Nova. O jovem foi morto quando levava o almoço para o pai que
estava trabalhando.
A família de Paul Inccy Vieira do Nascimento culpa o governo
do estado pela falta de segurança. Revoltado, o irmão da vítima afirmou que se
existisse mais policiamento preventivo nas ruas, o adolescente não teria
morrido.
“Na nossa região não tem policiamento, a coisa mais difícil
é a gente encontrar um policial fazendo ronda. A polícia poderia fazer mais
abordagens, dessa forma os bandidos não andariam armados ou seriam presos, e
meu irmão poderia estar entre nós agora”, falou Joabson da Silva.
De acordo com o delegado Humberto Mácola, da Delegacia de
Homicídios, Paul Inccy pode ter sido morto por um acerto de contas. “Ainda é
prematuro afirmar algo, mas, pelas características, foi um acerto de contas,
pois os criminosos já chegaram atirando e não falaram nada”, contou.
Déficit de policiais
Se o número de militares é considerado insuficiente, quando
se trata de policiais civis a situação do estado é ainda mais grave: há 871
policiais civis no estado – o que corresponde a apenas um agente por 3.668
habitantes. Um déficit, segundo o Sindicato dos Policiais Civis do Piauí
(Sinpolpi), de 1.500 policiais.
Algumas cidades não contam com nenhum agente da Polícia
Civil que é responsável pelo registro de Boletins de Ocorrência, investigações
e elucidações de crimes.
Em março, foi publicado a situação da delegacia de Cristino
Castro, ao Sul do estado. A unidade policial só abre uma vez por semana porque
não há policiais civis e o escrivão sai de outra cidade para atender a demanda.
Na mesma época, uma reportagem revelou também que pelo menos 34 dos 224
municípios estavam sem delegado.
O que diz o governo
A Secretaria Estadual de Segurança Pública disse que já
houve uma redução significativa no Piauí e em Teresina em relação aos números
de homicídios dolosos. Segundo a pasta, nesses seis meses de 2015, a queda
chegou a 6% no estado e a 22% na capital, se comparado com o mesmo período do
ano passado.
O governo informou ainda que semanalmente analisa os números
de criminalidade no Piauí, para planejar, junto à Polícia Militar e Polícia
Civil, uma ação mais efetiva nas regiões com maior incidência de crimes.
Outra medida que será adotada pela secretaria será o
monitoramento por vídeo de ruas e avenidas de maior circulação de pessoas em
Teresina. O projeto está em andamento e deve ser implantado ainda neste ano.
Sobre o baixo efetivo policial, a Secretaria Estadual de
Segurança Pública afirma que aguarda a nomeação de 200 policiais civis, 49
delegados e 400 policiais militares, o que deve amenizar a situação.
Fonte: G1