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Benefícios do leite materno para a saúde do bebê

segunda-feira, 3 de agosto de 2015
“O leite materno é o primeiro alimento funcional do mundo", assegura Mário Cícero Falcão, especialista em nutrologia pediátrica do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas de São Paulo. Isso significa que a primeira fonte alimentar dos bebês não tem apenas a função de nutri-los mas também de afastá-los de doenças. Entre os efeitos protetores já estabelecidos pela ciência estão prevenir infecções e diarreia, reduzir o risco de obesidade e garantir um desenvolvimento cerebral saudável.

Mas para que todos esses benefícios sejam ainda mais potencializados, é importante que o bebê consuma o leite materno de forma exclusiva até os 6 meses de vida e complementado por outros alimentos até os 2 anos ou mais, como preconiza a Organização Mundial da Saúde (OMS). No entanto, pelo menos aqui no Brasil, essa não é a realidade de muitos pequeninos. Foi o que constatou a enfermeira Floriacy Stabnow Santos em seu estudo de doutorado, feito na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, no interior paulista.

Na pesquisa, Floriacy avaliou 854 meninos e meninas com menos de 1 ano de idade que vivem na cidade de Imperatriz, a segunda mais populosa do Maranhão. "Entre as crianças de 0 a 6 meses, a prevalência daqueles que mamavam no peito foi de 32%", conta a professora da Universidade Federal do Maranhão. Considerando apenas os pequenos de 6 meses, por exemplo, esse índice baixou para 2,8%. "Com isso, descobrimos por que há tantos casos de diarreia infantil no município", revela a estudiosa.

E não pense que em outras regiões do país esses números são diferentes. De acordo com o Ministério da Saúde, em 2008, apenas 41% das crianças eram amamentadas até os 6 meses. Mas, segundo estimativas do governo, essa taxa vem crescendo nos últimos anos. Que bom! Não faltam motivos para oferecer leite materno o máximo de tempo possível para os bebês. Confira a seguir as benesses desse alimento tão completo.

PREVENIR CÂNCER

"Existe um vínculo bem estabelecido entre aleitamento materno e menor incidência de câncer na infância", conta o pediatra Mário Cícero Falcão, especialista em nutrologia pediátrica do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas de São Paulo. Segundo ele, vários estudos grandes já associaram a amamentação a um menor risco de os pequenos desenvolverem a doença, principalmente os linfomas e a leucemia, os mais comuns nessa fase.

O elo foi reforçado recentemente por uma pesquisa feita por cientistas da Universidade de Haifa, em Israel, junto com o Ministério Público do país. O objetivo era investigar a relação entre o consumo de leite materno e a menor incidência de leucemia em crianças. Após revisar 18 estudos, os experts notaram que todos os trabalhos apontavam que os pequenos que amamentavam por 6 meses ou mais tinham uma probabilidade 19% menor de ter leucemia em comparação com aqueles que mamavam pouco ou nem chegavam a fazê-lo.

Isso se deve ao fato de o leite materno ser rico em substâncias anti-inflamatórias, que combatem certos fatores do organismo responsáveis por provocar inflamações e que estão entre as causas do câncer. "Uma das substâncias envolvidas nisso é o DHA, um ácido graxo da série do ômega-3", informa Falcão. No entanto, vale lembrar que, para fornecer essa gordura ao seu bebê pelo leite, a mãe precisa ingerir alimentos que são fontes do nutriente - nesse caso, os protagonistas são peixes de águas frias e profundas, como o atum e a sardinha.

AFASTAR INFECÇÕES

Coloque nessa lista as infecções de ordem respiratória, como a asma e a pneumonia; as de ouvido, caso da otite; e as que atingem o sistema digestivo. O efeito protetor ocorre graças a anticorpos e células de defesa que a mãe passa para o filho pelo leite materno.

BLINDAR O CORAÇÃO

Cientistas da Universidade de Granada, na Espanha, lideraram uma pesquisa cujo objetivo era investigar outros trabalhos que haviam analisado a relação entre a amamentação e a proteção cardiovascular na mãe e no bebê. Fora revisados, no total, 56 estudos. A conclusão foi que o leite materno tem efeitos positivos na pressão arterial da mãe e da criança no curto e no longo prazo. "Isso também está relacionado com os efeitos anti-inflamatórios do leite materno", diz o pediatra do Instituto da Criança.

EVITAR A DIARREIA

Esse problema - que é uma das principais causas de morte e internação de crianças - está relacionado, entre outras coisas, a um sistema imunológico enfraquecido. "No leite materno, existem bactérias que são protetoras do intestino e reforçam, portanto, as defesas", explica a enfermeira Floriacy Stabnow Santos, professora da Universidade Federal do Maranhão.

DESENVOLVER O SISTEMA NERVOSO

De novo, a substância responsável por esse benefício é o tal DHA. É que ele participa da formação das células nervosas e facilita a comunicação entre elas. Essa ação é importante principalmente nos primeiros cinco anos de vida, quando a maior parte do cérebro é formado. E quanto antes o ácido graxo entrar na alimentação do bebê, melhor.

TDAH

O leite materno também estaria relacionado a um menor risco de a criança desenvolver transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Pelo menos é o que demonstrou um estudo liderado por pesquisadores da Universidade Tel-Aviv e do Centro Médico Rabin, ambos em Israel. Após analisar voluntários mirins que sofriam com esse distúrbio e compará-los com quem não os apresentava, os cientistas viram que os pequenos que tinham TDAH eram menos propensos a amamentar. Os autores especulam que o aleitamento tenha um efeito protetor contra o problema. "Mas esse não é um resultado definitivo, isso ainda está sendo estudado", pondera Mário Cícero Falcão.

REDUZIR O RISCO DE OBESIDADE

Isso mesmo! Estudos mostram que crianças que amamentam estão bem menos propensas a se tornar obesas - o que afasta, por consequência, males como diabetes e doenças cardiovasculares. O efeito também está relacionado com a ação anti-inflamatória do leite materno.

PROTEGER CONTRA OS EFEITOS DA POLUIÇÃO


Foi o que mostrou uma pesquisa da Universidade do País Basco, na Espanha. Os estudiosos notaram que os bebês que amamentavam no mínimo até os 4 meses de vida não sofriam os prejuízos causados por poluentes aos sistemas motor e neurocomportamental. É provável que isso também se deva ao fortalecimento do sistema imunológico provocado pelo leite materno.

Fonte: M de Mulher