O seu telefone toca. Geralmente é uma ligação a cobrar.
“Primo, ô primo. Como vai?”. “Tá lembrando de mim não?”, surge uma voz
masculina, geralmente com sotaque nordestino. Procura repetir. Fala bem rápido,
justamente para que nem tenhamos a opção de raciocinar.
Esse é o enredo ideal para o novo golpe do momento: o do
primo. A mais nova onda criminosa da atualidade envolvendo presidiários encarcerados
e que deveriam estar longe de um telefone celular. Quase todas as ligações são
de DDD 85, ou seja, do Ceará. Depois do golpe do sequestro ficar manjado a onda
do momento é o golpe do primo.
Esse ataque criminoso consiste em alguém ligar para sua casa
ou para seu telefone celular fingindo-se ser um primo que há tempos você não
via ou tinha notícias. Ele alega estar trabalhando como motorista, ou algo do
tipo, em um lugar muito longe do Nordeste, geralmente em Rondônia, Mato Grosso,
Mato Grosso do Sul ou Rio Grande do Sul e estar passando por uma emergência na
estrada.
Muitos terminam caindo porque imediatamente falam o nome de
um primo. Já que ele pergunta se a vítima não está lembrando. Afinal quase
todos temos às dezenas (e a maioria deles, principalmente os de segundo, e até
terceiro, graus a gente pouco vê).
Entramos na onda e terminamos nos sensibilizando com a
história do primo.
Ao menos umas três vezes por mês recebo ligações com essa
história. Na primeira vez quase que caio, pois é tudo muito bem feito e eles te
envolvem rápido. Agora digo que não tenho primo e eles desligam na hora.
Quem cai termina depositando dinheiro em uma conta (a de
golpistas). A maioria das pessoas, após cair no golpe, sequer denuncia, com
vergonha de ser sido feito de trouxa.
Geralmente o tal primo pede de R$ 2.000,00 a R$ 5.000,00, ou
o que a pessoa possa transferir imediatamente. Alega que seu cartão de crédito
ou débito, ou cheque não são aceitos. Que só dinheiro ou via transferência.
E assim o tal primo fica famoso e a gente, por mais
informação que nos chegue, terminamos caindo feito patinhos.
DICAS PARA NÃO CAIR NO GOLPE DO PRIMO
Peça um número para você ligar para o tal primo. Se esse
número tiver DDD diferente do lugar em que ele disse que está, comece a
desconfiar. Faça a mesma pergunta de lugar, situação e tudo mais, ao menos umas
três vezes. Se houver respostas diferentes: mais uma chance de ser golpe.
Finalmente: faça perguntas falsas sobre parentes falsos, principalmente
possíveis irmãos e possível pai e mãe do tal primo. Respostas erradas: certeza.
Não seja grosso. Em último caso diga que está ligando para a polícia da cidade
em que supostamente o primo está. Nada melhor que a própria polícia para ajudar
alguém em apuros. Se realmente o tal primo estiver em dificuldade: aceitará o
apoio policial. Os golpistas, na hora que ouvem o nome polícia, desligam e só
voltam a encher o saco depois que o seu telefone novamente cair na sequência.
Tchau, primo!
Fonte: O Olho