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Reflexões sobre o câncer de mama

quinta-feira, 8 de outubro de 2015
O câncer de mama há quarenta anos na maioria das mulheres, talvez não haja doença mais assustadora. Você dirá que todos os tumores malignos o são, mas nenhum outro aflige tanto o imaginário feminino.

Uma pessoa com câncer de estômago, por exemplo, costuma ter desconforto depois das refeições, sensação de plenitude gástrica, diminuição do apetite e até perda involuntária de peso. Ela sente que não está bem. Quando é feito o diagnóstico, fica com medo, mas experimenta um certo alívio, porque poderá ser operada e livrar-se dos males que a fazem sofrer.

De fato, quando a cirurgia corre bem, os sintomas desaparecem e tudo volta ao que era antes. A única sequela visível será a da cicatriz no abdômen; mutilações internas como a perda do estômago são imperceptíveis.

No câncer de mama, ao contrário, a mulher não está doente. Simplesmente palpou um caroço no seio na hora do banho ou recebeu a notícia do nódulo num ultrassom ou mamografia de rotina. Por mais que o médico procure tranquilizá-la dizendo que a biópsia com agulha é procedimento rotineiro nesses casos, a insegurança e o medo se instalam em seu espírito.

Perde-se a conta de quantas pacientes tem a reação de chorar ao ouvir que o resultado era negativo. Uma notícia que deveria trazer-lhes alívio é capaz de provocar descontrole emocional na vigência de uma crise de ansiedade.


Quando o resultado é positivo, o quadro adquire contornos mais dramáticos. Mulher nenhuma que passou por essa experiência é capaz de esquecer esse momento; lembranças carregadas de emoção ficam gravadas para sempre na memória.

Fonte: Drauzio Varella