Os três menores acusados de cometer um dos crimes mais
bárbaros da história do estado – o estupro coletivo de quatro garotas,
resultando na morte de uma delas – na cidade de Castelo do Piauí, a 190 km de
Teresina, foram transferidos no final do ano passado do Centro Educacional de
Internação Provisória (Ceip) para o Centro Educacional Masculino (CEM). Quase
oito meses após o fato que chocou o Brasil, reascendendo o debate sobre redução
da maioridade penal, os garotos ainda são rejeitados pelos outros internos.
Dois deles alegam que querem voltar a estudar.
“Eles não apresentam problemas de comportamento. O que
acontece lá, é que ainda tem um certo desprezo, digamos assim, por conta dos
outros, pelo sentido de que é um crime inaceitável até para os próprios
internos. Na concepção deles foi covardia, pois foi realizado contra mulher”,
explicou o atual diretor do CEM, capitão Anselmo de Oliveira.
Ainda de acordo com o capitão, logo que foram transferidos,
boa parte dos outros menores do local não queriam ter qualquer tipo de
convivência com os três acusados. Hoje apenas um, tido como o 'líder´ deles,
ainda precisa ficar isolado dos demais. “Foi até difícil a gente conseguir
alocar. Mas dois deles estão em uma ala coletiva, no entanto, separados, e um
que está separado totalmente, tendo lapsos de convivência que a gente provoca
com muita cautela e que pode ir aos poucos aumentando”, contou Anselmo de
Oliveira.
REABILITAÇÃO
O diretor da unidade diz também que ainda é cedo para falar
em ressocialização, mas que os meninos já começaram a apresentar sinais de
reabilitação. “Eles ainda têm receio de chegar nas alas, mas como já estão
participando de atividades com outros, falam inclusive em ter a vida estudantil
de volta”, disse.
O capitão Anselmo contou ainda que houve uma “mudança
geral”, no Centro, e que há cerca de cinco meses não ocorre nenhum tipo de
briga no local. “A gente aumentou as atividades físicas, pedagógicas, a
convivência entre as alas também melhorou bastante. E eles estão incluídos. A
gente dá uma pré-avaliação de que estão dando sinais [de melhora]”.
Os três garotos também continuam recebendo a vista de
familiares normalmente. “Tem aquelas que têm menos condições. Quando não vão é
por questões financeiras, porque é muito caro para vir de Castelo para cá
[Teresina] direto, mas há uma constância mediana”, explicou o diretor.
O CRIME
No dia 27 de maio de 2015, quatro adolescentes da cidade de
Castelo do Piauí foram brutalmente estupradas e espancadas. O crime teria sido
cometido por quatro menores de idade e um adulto, identificado como Adão José
de Sousa, de 40 anos. Todos eles foram presos poucos dias após o fato.
O adolescente Gleisom Vieira da Silva, 17 anos, que era um
dos menores acusados de ter participado do estupro, foi assassinado na
madrugada do dia 17 de julho, dentro do Centro Educacional Masculino (CEM).
A jovem Danielly Rodrigues Feitosa, também de 17 anos, que
foi uma das vítimas, faleceu no no dia 07 de junho. De acordo com a assessoria
de imprensa do Hospital de Urgência de Teresina (HUT), onde a menor estava
internada, ela não resistiu às lesões no tórax devido às agressões sofridas.
Fonte: O Olho