A presidente Dilma fez uma pausa ao não conter as lágrimas durante seu discurso de defesa. No retorno, ela criticou o programa de governo de Michel Temer, presidente em exercício e disse que é um ataque à Democracia, já que este não foi o programa eleito pelo povo.
“O programa de governo instalado e desenhado pelo governo interino é um verdadeiro ataque à Democracia. Ele não foi eleito para governar. Desvincular o piso das aposentadorias e pensões do salário mínimo será o sepultamento da previdência social e será a decadência dos municípios. A proibição do saque do fundo de garantia, caso prospere, é um crime sem precedentes e responsabilidade”, declarou Dilma.
Dilma chamou de “ultraconservadores” os integrantes do governo interino e disse que são uma ameaça a diversidade.
Atualizada às 9h58
A presidente afastada Dilma Rousseff se defende nesta segunda-feira (29) no Senado das acusações de ter cometido crime de responsabilidade em 2015. Ela responde a processo de impeachment, sob a alegação de ter editado em 2015 decretos de crédito suplementar sem autorização do Congresso e também de usar dinheiro de bancos federais em programas do Tesouro [as chamadas pedaladas fiscais]. A petista foi afastada da presidência da República pelo Senado há mais de 100 dias. A presidente começou o discurso lembrando dos tempos da didatura e reafirmando que não vai renunciar.
O processo
Na última semana, o Senado ouviu os depoimentos das testemunhas de defesa e de acusação na quinta (25), sexta (26) e sábado (27). Dilma começa a falar às 9h. Inicialmente, terá 30 minutos para a apresentação, mas esse tempo poderá ser prorrogado por mais 30 minutos. A critério do presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, que comanda o julgamento do impeachment, a presidente afastada poderá ter mais tempo na fase inicial.
Depois da fala de Dilma, terão início os questionamentos dos senadores. Cada parlamentar terá até cinco minutos para fazer perguntas. O tempo de resposta de Dilma é livre e não será permitida réplica e tréplica. Dilma também poderá deixar de responder às indagações dos parlamentares. Mais da metade dos 81 senadores já se inscreveram para questionar Dilma Rousseff.
O depoimento de Dilma será acompanhado no plenário por cerca de 30 convidados dela. Entre eles estão o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente do PT, Rui Falcão, do PDT, Carlos Lupi, vários ex-ministros do governo, além de assessores e outras pessoas próximas. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), colocou à disposição da acusação de Dilma o mesmo número de cadeiras que disponibilizou para a petista.
A expectativa é de que a o depoimento dure todo o dia e se estenda até parte da noite. Os senadores que apoiam o impeachment garantem que não haverá enfrentamentos, mas que irão fazer todos os questionamentos. Eles entendem que o comparecimento da presidente afastada ao plenário não mudará os votos dos senadores.
Os parlamentares contrários ao impeachment, no entanto, acreditam que a fala dela vai mudar votos. O senador Lindberg Farias (PT-RJ) disse que os aliados de Dilma estão depositando todas as esperanças no depoimento. "Acho que vai ser um dia em que o Brasil vai parar. Acho que a presidente
pode mostrar ao país que está sendo vítima de uma injustiça e que não há crime de responsabilidade. Acho que é um dia que pode virar o jogo", afirmou.
Fonte: Agência Brasil