A operação “Escamoteamento” deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) descobriu que 62 empresas de fachada estavam atuando em prefeituras do Piauí, Ceará e Maranhão. A informação foi confirmada pelo promotor Rômulo Cordão, coordenador do Gaeco durante coletiva com imprensa na manhã de hoje (7).
O órgão cumpre mandados de condução coercitiva e busca e apreensão nos municípios de Cocal, Buriti dos Lopes e Bom Princípio. As prisões de empresários aconteceram em Tianguá (CE). O promotor prevê um rombo de cerca de R$ 200 milhões das empresas junto a prefeituras do Piauí, Ceará e Maranhão.
O Gaeco pediu o sequestro de bens e o bloqueio de quasee R$ 19 milhões, que teriam sito repassadas por prefeituras piauienses. Ao todo, o Ministério Público observou movimentação irregular de cerca de R$ 200 milhões, obtidos em licitações fraudulentas do Piauí, do Ceará e do Maranhão.
Matéria original
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) deflagrou nesta manhã (7) a operação Escamoteamento, que visa desbaratar uma organização criminosa de cartéis de licitações que atuavam em três cidades do norte do Piauí – Buriti do Lopes, Cocal e Bom Princípio -.
As empresas, laranjas e gestores públicos são suspeitos de crimes como lavagem de dinheiro, fraude em licitação, corrupção ativa e passiva. Dos 95 mandandos, 13 são de prisões de empresários que estão sendo cumpridos em Tianguá (CE). A Prefeitura de Cocal (a 268 km de Teresina) está fechada enquanto a polícia faz buscas e apreensões.
De acordo com o coordenador do Gaeco, promotor Rômulo Cordão, as empresas do Ceará participavam de licitações diversos municípios sem ter a capacidade operacional para realizar os serviços. A estimativa é de que a fraude tenha rendido R$ 200 milhões à organização.
“Algumas empresas sequer tinham sede e, quando tinham eram casebres, e venciam licitações milionárias de obras públicas, locação de veículos e mão de obra. Elas atuavam de forma combinada com as outras empresas, que em tese, eram suas concorrentes formando um cartel”, explica o promotor.
As investigações iniciaram há cerca de um ano e quatro meses e estão sendo cumpridos 95 mandados ao todo, sendo 46 de busca e apreensão, 37 de condução coercitiva, 13 de prisão preventiva e cinco de sequestros de bens. A maior parte em cidades do Ceará, os presos são principalmente de Tianguá.
“O que mais chamou atenção era que os vencedores sacavam R$ 500 mil, R$ 300 mil em espécie, uma prática que hoje não se faz mais por conta da segurança, mas continuavam fazendo para facilitar na hora de ratear. Isso é mais uma prova de que as empresas são de fachada”, detalhou o Cordão.
Os crimes ocorriam supostamente nas três cidades piauienses e em mais no Ceará, entre elas: Ubajara, Tianguá, Viçosa.
Estão envolvidos na operação 219 profissionais entre eles 23 promotores de justiça do Piauí e Ceará, policiais rodoviários federais, além de técnicos do Tribunal de Contas da União (TCU), Tribunal de Contas do Estado (TCE), Controladoria Geral da União (CGU).
Prisões
O superintendente da PRF, Wellendal Tenório, informou que os presos, cerca de dez até o momento, estão no posto da PRF de Piripiri e serão trazidos para Teresina ainda hoje. Eles passarão por exame de corpo de delito no Instituto Médicol Legal (IML) antes de prestar depoimento. Já as pessoas conduzidas, seguirão de Cocal para Piripiri.
"Sairá um comboio de 15 viaturas e um helicóptero para fazer a condução dos presos até Teresina", declarou Wellendal. Até agora, foram cumpridos 22 mandados de condução e prisão.
Núcleos
O GAECO realizou a operação por meio de núcleos, divididos com base na atuação de cada integrante da organização criminosa. Havia o núcleo empresarial, dos donos de empresas que concorriam entre si junto às licitações fraudulentas. Todos os presos da operação são donos de empresas. Um deles é Carlos Kennedy, o Pezão. O empresário já foi preso na Operação Província II, no Ceará, por crimes semelhantes.
O núcleo operacional teve conduzidos, como a jovem Ana Cristina. Ela era responsável pelo aprovisionamento de saques das empresas junto aos bancos. O que chamou atenção da polícia foi que a moça atuava para empresas concorrentes entre si e fazia o pedido de saques de valores exorbitantes. "Nenhuma empresa faz hoje saques de R$ 500 mil, como eles estavam fazendo. Isso é muito característico de ações de corrupção", disse o promotor.
Já o núcleo dos laranjas teve 37 conduzidos, sendo 33 de Cocal, um de Tianguá, dois de Bom Princípio e um de Buriti dos Lopes. Ainda não há presos porque a polícia apura se todos sabiam que estavam sendo usados pela organização criminosa. Eles emprestavam seus CPFs para a abertura de empresas de fachada e suas contas bancárias para "escamotear" o destino dos valores desviados. Uma zeladora concursada da prefeitura de Cocal é uma delas. A mulher, que recebe oficialmente R$ 12 mil por ano, teve movimentação de R$ 100 mil nas contas. No nome dela havia ainda uma caminhonete avaliada em R$ 150 mil.
Por fim, o núcleo político teve dois conduzidos até o momento, eles pertencem à comissão de licitação da prefeitura de Cocal. Está sendo apurada ainda a participação de gestores públicos nas fraudes. Eles receberiam até 10% dos valores desviados para fraudar as licitações e contratar os serviços das empresas de fachada.
Fonte: www.cidadeverde.com