O papel dos pais na psicoterapia infantil é de extrema importância. Inicialmente porque geralmente é um deles, ou ambos, que identifica a necessidade de atendimento e leva o filho ou filha até o psicólogo. A partir do primeiro contato, se estabelece uma parceria entre a família e o terapeuta, que será imprescindível para o sucesso do tratamento. Tanto a teoria quanto a experiência clínica apontam a importância dos pais no tratamento da criança, onde estes são convidados a participar ativamente desse processo, redescobrindo novas maneiras de viver a dinâmica familiar.
Os pais, ao escolherem um profissional para acompanhar seu filho, assumem também responsabilidade se o cumprimento das demais combinações realizadas conjuntamente. Para tanto, é necessário que se estabeleça uma relação de confiança. Tendo isso em vista, geralmente, no início do tratamento, é realizada uma ou mais entrevistas com ambos ou com um dos pais. Nessas entrevistas, o profissional irá escutar a demanda familiar, realizar uma avaliação prévia do caso, esclarecer as dúvidas da família, explicar como realiza o seu trabalho e estabelecer combinações. Nesse momento, é importante que os pais relatem tudo o que julgarem pertinente para que o psicólogo possa ter um entendimento o mais abrangente possível da problemática envolvendo a criança e sua família. O psicólogo deve se colocar de forma que os pais sintam-se à vontade para fazer todos os questionamentos que julgarem necessários, esclarecendo todas as suas dúvidas quanto aos procedimentos a serem utilizados.
Por outro lado, o desenvolvimento do processo terapêutico apresenta grandes dificuldades quando os pais se recusam a se envolver, a se implicar no processo. O desenvolvimento da criança está diretamente relacionado aos pais. A criança é um sujeito ainda em constituição. Não podemos pensar em um acompanhamento efetivo na psicologia infantil sem a presença e participação dos pais.
Durante o processo psicoterapêutico infantil, a participação dos pais é constante, pois é essencial que acompanhem e participem do tratamento. Essa participação pode ocorrer de diversas formas, com entrevistas semanais, quinzenais ou mensais; com entrevistas com pai e mãe juntos; com entrevistas só com o pai ou só com a mãe, ou mesmo com outro familiar cujo vínculo seja significativo para o paciente; com atendimento conjunto da criança com ambos os pais, ou com um dos pais. Nada disso é pré-definido e existem muitas possibilidades que vão sendo construídas conjuntamente pelo terapeuta, pelo paciente e pelos pais. O contato contínuo com os pais propicia que estes se apropriem do processo terapêutico dos filhos, podendo acompanhar o progresso e a evolução, dando ao psicólogo feedbacks que subsidiarão a sua intervenção.
Quando falo em presença e participação, me refiro no sentindo mais amplo das palavras. Vai além da presença física nas sessões quando solicitada. Requer comprometimento com o processo, desde não faltar às sessões, não atrasar, não interromper o tratamento, até manter abertura diante das intervenções do terapeuta e manter uma relação de confiança com ele; observar atentamente as necessidades da criança, ao que ela diz e demonstra, e aceitação diante das mudanças do filho.
Embora o tratamento seja da criança, e é com ela que o terapeuta trabalha, este processo pode causar angústia nos pais, pois as mudanças vivenciadas pelo filho alteram a dinâmica familiar, o que implica que eles também terão que reavaliar seus papéis.
Cria-se também um espaço de escuta para os pais, onde as questões individuais e familiares podem ser trabalhadas, colaborando para a melhora dos filhos. Não se trata de psicoterapia para os pais, mas do acompanhamento familiar visando o progresso terapêutico da criança. Havendo a necessidade de atendimento psicológico dos pais, o psicólogo os encaminhará para outro profissional.
Além disso, a psicoterapia infantil também exige que o psicólogo muitas vezes realize intervenções junto a outros profissionais que atendem a criança, como médicos e professores. Essas intervenções são sempre realizadas com a ciência e anuência dos pais e muitas vezes é solicitado que a família realize a mediação dos contatos entre o psicólogo e os demais profissionais.
No momento da alta, também é indicada a realização de uma ou mais entrevistas de encerramento com os pais para avaliação do processo e discussão das indicações futuras.
Ana Maria de Oliveira Pereira, Psicóloga
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É importante que os pais tenham a segurança de que a qualquer momento podem interpelar o profissional, seja para esclarecimentos, pontuações ou recombinações. O psicólogo e a família são aliados no processo psicoterapêutico infantil. O receio de muitos pais de que o psicólogo possa julgar ou criticar suas crenças, posturas ou formas de educar os filhos deve ser superado. O trabalho do psicólogo não é de julgamento e sim de auxílio à família para entender o que se passa com o filho, buscando soluções para os problemas apresentados, de forma que a criança retome o seu desenvolvimento saudável e a família siga a sua vida de forma mais tranquila e satisfeita.
O objetivo é buscar a autonomia da criança, para isso é preciso que os pais permitam que ela se desenvolva que vá adquirindo e reconhecendo suas próprias habilidades, autoconfiança, o que não pode ser confundido com permitir que a criança faça tudo o que tenha vontade.
A autonomia diz respeito ao mundo interno da criança, e ela vai precisar justamente dos seus responsáveis como referência nesta construção. Isso mostra que a terapia não ocorre somente dentro do consultório. Tudo o que é feito é levado para a vida, e os pais ou cuidadores tem participação ativa e indispensável no dia a dia dos filhos.
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