Pacheco vai suceder Davi Alcolumbre (DEM-AP), seu padrinho político nessa disputa, que se engajou completamente na articulação por apoio e votos. Pacheco também era o candidato do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
O senador mineiro obteve um total de 57 votos na disputa, acima dos 41 necessários para se tornar presidente da Casa –o que corresponde à maioria absoluta dos votos.
Sua concorrente mais direto na disputa, Simone Tebet (MDB-MS) perdeu força na reta final da campanha, principalmente após o racha em sua bancada o MDB. Terminou a eleição com 21 votos.
A disputa começou com outros três candidatos: Major Olímpio (PSL-SP), Lasier Martins (Podemos-RS) e Jorge Kajuru (Cidadania-GO). Os três, porém, desistiram às vésperas da votação e anunciaram apoio a Tebet.
"Não haverá nenhum tipo de influência externa capaz de influenciar a vontade livre e autônoma dos senadores. A busca do consenso haverá de ser uma tônica, mas temos instrumentos fortes da democracia para extrair uma conclusão", afirmou Pacheco em discurso antes da votação.
No discurso, ele também prometeu que a pauta de votações do Senado será debatida com os líderes da Casa e buscar a "pacificação" entre os senadores e com os demais poderes.
Pacheco disse que, se eleito, iniciará uma negociação com o Ministério da Economia para conciliar a ampliação da assistência social com o teto de gastos –regra que impede o crescimento das despesas públicas acima da inflação. A equipe econômica quer evitar uma prorrogação do auxílio emergencial que tenha grande impacto nas contas públicas. O senador mineiro está em seu primeiro mandato no Senado, após quatro anos como deputado federal.
O então líder da bancada do DEM se tornou o nome de Alcolumbre na disputa, após o próprio ser impedido de disputar a reeleição. O ex-presidente do Senado tinha certeza da sua recondução, tanto que articulou com antecedência o apoio de muitos partidos.
Em discurso, antes do resultado da eleição, Tebet criticou a interferência do governo na disputa. Ao distribuir emendas e cargos públicos, aliados de Bolsonaro impulsionaram a candidatura de Pacheco.
"Independência não para fazer oposição, mas para que possamos exercer o nosso poder constitucional de legislar e fiscalizar os demais poderes. Legislar visando o interesse público. Fiscalizar para que sejamos freio e contrapeso a qualquer tentativa de abuso de poder vindo de quem quer que seja, seja qual for o governo, seja qual for o poder", afirmou.
O uso da máquina pública também foi contestado por Martins, Olímpio e Kajuru, que, antes de desistirem das candidaturas, discursaram no plenário.
Senadores avaliam que a vitória de Pacheco representa uma grande demonstração de força de Alcolumbre, que conseguiu o improvável de vencer a disputa e colocando na presidência o representande de uma bancada com apenas cinco parlamentares.
Parlamentares também acreditam que Pacheco deve manter um posicionamento político parecido com o de Alcolumbre, evitando embates com o Palácio do Planalto e abrindo espaço para o avanço de pautas prioritárias na área econômica.