No dia 10 de julho, Palomma irá participar da seletiva do Campeonato Brasileiro, em São Paulo, a primeira em sua carreira e a oportunidade vem em momento delicado devido a pandemia, com os karts locais fechados ou seguindo protocolos rígidos, mas a piauiense busca outros meios de chegar preparada.
“A preparação está sendo nova, pois está sendo voltada para pilotos, no estilo de pilotos de grandes categorias e antes eu não fazia isso e quando eu passei a usar esse tipo de exercício sem ser o próprio kart em si os resultados são bem melhores. Fazem toda a diferença.
É onde entra a parte de reflexo, concentração, resistência e tudo isso é muito positivo para mim na competição”, explica a piloto.
A paixão pela velocidade e adrenalina de correr de kart surgiu de forma um tanto quanto inusitada, e para muitos passar pela situação que Palomma passou era para logo em seguida se decretar o ‘divorcio’ das pistas.
Quando criança sempre acompanhou o pai nos treinos e um belo dia decidiu correr, mas de cara sofreu um acidente.
O freio do carro quebrou e por isso a velocidade do kart se multiplicou. Sabendo que iria bater ela escolheu um pneu como alvo, achando que seria mais ‘leve’, porém o pneu era revertido de cimento e aí o trauma das pistas se tornaria algo inevitável.
“Só que depois do acidente meu pai pegou e me mandou entrar no carro de novo. Disse que eu não iria sair de lá com aquele trauma e medo e até voltei e ficando dando as voltas na pista, mas quando passava naquela curva passava bem devagar. Ai meu pai (Fábio Clesio) me chamou de novo e disse que era para passar rápido por lá, sem frear e a partir daquele dia eu perdi o medo e quando estou pilotando eu só quero andar cada vez mais rápido, meu medo é andar devagar”, brinca Palomma.
Porém ao longo desses 17 anos de carreira por muitas vezes o maior desafio ou adversário não esteve nas pistas e sim no fato de Palomma ser mulher.
A atleta conta que muitos patrocinadores até conversam e se interessam, mas quando veem que é uma mulher desistem de apoiar e no Piauí o cenário do automobilismo é ainda mais fechado devido a falta de tradição.
“Por conta da cultura, por ser um esporte de predominância masculina e até mesmo a mídia mostrar mais os homens, pois se você pesquisar já temos muitas mulheres nesse cenário, categorias de mulheres, mas alguns anos atrás era muito difícil, porém as pessoas pensam que com o passar dos anos as coisas melhoraram para mim, mas não, ainda recebo piadas, recebo criticas e a desconfiança de não acreditarem por ser uma mulher.
Eu sempre falo que quando a gente coloca o capacete e baixa a viseira não existe isso de gênero é questão só de talento e dedicação”, frisou Palomma Clesia.
No final do ano a atleta esteve em Tocantins onde disputou uma competição regional.
A próxima oportunidade de se testar nas pistas será no dia 10 de julho, na seletiva do Brasileiro de Kart, em São Paulo.
Fonte: Cidade Verde