A médica Michelle Groome, do Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis da África do Sul, alertou que o país registrou um "aumento exponencial" de casos de covid-19 com o avanço da variante ômicron. Ainda não há indícios de que a ômicron provoque casos mais graves da doença.
Em duas semanas, o número médio de novos casos diários da doença notificados saltou primeiramente do patamar de 300 para mil e, posteriormente, para 3.500, considerando intervalos de sete dias.
"O grau de aumento é preocupante", disse Groome, segundo declaração publicada pelo jornal The Guardian.
Ontem, o número de novos casos diários foi de 8.561, mas não foi informado se o aumento é reflexo de possíveis subnotificações nos dias anteriores. A média, considerando os últimos sete dias, ficou em 3.797.
O instituto promove estudos para verificar se o avanço da doença no país é consequência direta da variante. Em novembro, 74% dos sequenciamentos feitos em Gauteng, província mais populosa da África do Sul, apontaram a presença da ômicron.
Pesquisadores ainda investigam se as vacinas já desenvolvidas contra a covid-19 mantêm uma proteção alta contra a variante.
O que se sabe sobre a ômicron
Até agora, pessoas infectadas pela variante ômicron da covid-19, detectada inicialmente pela África do Sul na semana passada, mas que já estava em circulação pelos Países Baixos anteriormente, apresentaram apenas sintomas leves da doença.
"O sintoma mais comum é fadiga intensa por um ou dois dias, seguido de dores no corpo", disse a clínica-geral Angelique Coetzee, presidente da Associação Médica da África do Sul, em entrevista ao jornal britânico The Telegraph.
No último domingo (28), a OMS (Organização Mundial da Saúde) disse que a variante pode aumentar a chance de reinfecção pela covid-19, mas tranquilizou ao afirmar tratamentos contra versões anteriores do vírus também têm funcionado contra a ômicron.
Ouvido por VivaBem, o infectologista Alexandre Naime disse que, embora a ômicron tenha se mostrado mais transmissível que outras variantes, ela ainda não se mostrou capaz de provocar um aumento no número de internações e mortes pela doença.
Por enquanto, laboratórios estão conduzindo estudos para saber se as atuais vacinas disponíveis contra a covid-19 são capazes de lidar contra a ômicron.
A variante apresenta alterações que podem fazer com ela consiga "driblar" o sistema imunológico de pessoas já vacinadas contra o novo coronavírus.
A hipótese, porém, ainda está em estudo. "Então, não podemos dizer que as vacinas não funcionam (contra a variante ômicron) — é improvável, inclusive", disse ontem Lúcia Helena, colunista de VivaBem, ao UOL News, programa do Canal UOL.
De todo modo, a vacinação em massa continua sendo a medida mais eficaz contra a covid-19, protegendo, especialmente, contra a evolução da doença para quadros graves, como internação e morte pelo vírus.
Na última sexta-feira (26), um dia depois da identificação da ômicron, a OMS pediu para que, individualmente, as pessoas ajudem no combate à variante tomando medidas já conhecidas contra a covid-19, como:
Uso de máscara bem ajustada ao rosto;
Higiene constante das mãos;
Distanciamento físico;
Melhora da ventilação em ambientes que não sejam ao ar livre, como salas;
Preferência por evitar espaços lotados;
Se vacinando contra a covid-19.